'Sobrenatural' após 15 temporadas, a tentativa do programa de um final feliz levantou mais perguntas do que respostas.
A noite de quinta feira viu o fim de uma era: o final da série do sucesso cult e programa mais antigo da CW, Supernatural. Depois de 15 temporadas, mais de 300 episódios e inúmeras mortes e ressurgimentos de personagens, a série que era sinônimo de cultura fandom na internet finalmente deixou seus irmãos caçadores de demônios, Sam e Dean Winchester (Jared Padalecki e Jensen Ackles), levarem o Impala ao pôr do sol.
Depois que a pandemia de Covid-19 interrompeu sua temporada final na primavera, Supernatural encerrou seus últimos episódios ao longo de novembro. E enquanto se dirigia para a reta final, o show pegou um burburinho inesperado do mainstream por algo mal relacionado ao show em si. A atenção repentina se deveu em parte ao acidente total do navio de fandom mais popular do programa, Destiel (Dean e seu anjo da guarda Castiel), tornando-se cânone durante o longo período de espera pelos resultados das eleições presidenciais de 2020.
A coincidência gerou inúmeras piadas e memes nas redes sociais. Mas menos tangencialmente, o segundo fôlego do show também se deveu à emoção impulsionada pela pandemia sobre a rara saída de um show que já existe há tanto tempo que muitos de seus fãs literalmente cresceram com ele.
Para qualquer um familiarizado com a longa história de Supernatural de colocar seus personagens através do espremedor de narrativa, o final de quinta-feira - intitulado "Carry On" em homenagem à música tema não oficial do programa, que ouvimos repetidamente ao longo do episódio - foi agridoce e desconcertante, simultaneamente surpreendente e previsível. Daremos detalhes específicos mais abaixo, mas basta dizer que há uma razão pela qual Jensen Ackles, que interpreta Dean, disse há mais de um ano que teve “tantos problemas” com o final.
O final de Supernatural, no entanto, foi indiscutivelmente muito maior do que a resolução de sua trama. Juntamente com os dramas mais antigos de monstros da semana, Buffy e Angel, Supernatural sem dúvida ajudou a gerar todo um legado de séries de fantasia discretas. O fandom do programa foi talvez um dos primeiros a ajudar a inaugurar a era moderna da cultura geek: um ambiente no qual equipes criativas coexistem com os fãs de sua série, desenvolvendo o programa em harmonia com eles, e não apesar ou em oposição direta a eles. Esta é uma lição que muitas franquias mais novas falharam em aprender, para seu detrimento final, mas que muitas outras também aceitaram com calma.
Ao mesmo tempo, Supernatural e seu fandom passaram anos presos em um delicado emaranhado de amor e ódio. De 2005 a 2020, Supernatural lutou com suas próprias tendências regressivas e um padrão de flagrante misoginia. Ao longo dos muitos meta-episódios memoráveis da série, Supernatural originalmente manteve retratando suas próprias fãs femininas como perseguidoras assustadoras e embaraçosas, enquanto tratava perpetuamente suas personagens femininas como bucha de canhão. Ao longo de sua primeira década, no entanto, isso mudou gradualmente, passando do escárnio aberto para a celebração aberta.
O resultado de tudo isso foi um final para a trama que deixou os fãs satisfeitos - embora o episódio final sem dúvida não tenha sido o final adequado da história, que na verdade veio no episódio logo antes do final. O final da série em si foi - bem, foi muito e claramente não foi projetado para deixar todos os fãs felizes. E apesar de tudo que acabei de dizer sobre como o show evoluiu em sua representação das mulheres ao longo do tempo, o final não apresentou uma única personagem feminina recorrente.
Antes da estreia de “Carry On”, a CW exibiu um documentário de uma hora comemorando as 15 temporadas de Supernatural e dando aos membros do grande elenco a chance de se despedir do programa. O especial serviu ao duplo propósito de deixar todos relembrarem com carinho e arrancar as lágrimas dos fãs; quando a recapitulação do documentário chegou ao 300º episódio, que mostrava os Winchesters tendo uma refeição amorosa em família pela primeira e única vez, eu também estava um pouco confuso.
Supernatural realmente resolveu seu grande arco da história da temporada final no penúltimo episódio, que atraiu elogios da mídia e dos fãs por ser um resumo satisfatório dos temas da temporada e da série como um todo. Seguimos os esforços de Sam e Dean para expulsar um Deus corrupto – que, neste universo, é um escritor egocêntrico chamado Chuck – e entregar o livre-arbítrio ao universo de uma vez por todas. No que pode ser considerado uma reviravolta, essa história terminou antes do final, deixando Sam e Dean finalmente livres para viverem felizes para sempre.
Claro, sendo Sam e Dean, eles continuam lutando contra monstros - e é uma luta aleatória de monstros, não muito depois de sua grande vitória, que acaba com Dean de uma vez por todas. É isso mesmo: Dean realmente morre, não de forma nobre ou épica, mas em uma luta inconseqüente do vilão da semana, depois de ser empalado aleatoriamente na coronha de uma faca gigante. Essa lesão muito estranha permite a ele tempo suficiente para se despedir de Sam com lágrimas, e permite a Sam tempo suficiente para aceitar o fato de que é realmente o adeus final.
Marcamos esta seção para spoilers, mas, na verdade, se você pensou que Dean, com seu desejo perpétuo de morte, sobreviveria ao final da série, você assistiu a um programa diferente. No fundo, Supernatural sempre teve um conflito central: o desejo de Sam de poder viver sua própria vida livre, longe de Dean e do negócio de caçar monstros. Enquanto isso, Dean sempre sonhou com o tipo de existência pacífica que o programa repetidamente nos deu a entender que ele só encontraria no céu. Como o próprio Dean diz a Sam no episódio enquanto ele está morrendo: “Você sabia que sempre terminaria assim para mim”.
A segunda metade do final da série se concentra na chegada de Dean ao céu enquanto Sam segue em frente com sua vida na Terra. Temos uma montagem de Sam vivendo sua própria vida ao longo dos anos, incluindo a paternidade de um filho a quem ele chama de Dean. O tempo todo, Dean desfruta de um longo e tranquilo passeio pelo campo celestial em seu amado carro.
Nos momentos finais, Sam morre na Terra, com seu filho ao seu lado, e se junta a Dean no céu depois de apenas alguns minutos para Dean. Enquanto os dois irmãos se abraçam em um local idílico no campo - porque até o céu ainda parece o coração da América - somos presenteados com uma cena aérea e uma cena final do elenco e da equipe, parados com Jared e Jensen, nos agradecendo e acenando adeus.
O ritmo acelerado de tudo isso é chocante - mas também é exatamente como eu previ que o show terminaria. Por causa do ritmo rápido e da aleatoriedade da morte de Dean, no entanto - praticamente ignominiosa, com Dean sendo empalado aleatoriamente e com quase nenhuma chance de desfrutar de sua liberdade - estava destinado a ser controverso.
Ainda assim, os fãs ficaram perplexos com a maneira como Dean morreu e com as muitas tramas não resolvidas ou elementos ausentes do episódio. Um deles - Castiel - é uma nota de rodapé sombria que muitos fãs terão dificuldade em aceitar. Cas, um anjo cuja chegada na quarta temporada envolveu pessoalmente arrastar Dean para fora do inferno, sempre gostou particularmente de Dean. Dois episódios antes do final da série, ele confessou que "a única coisa que quero é algo que sei que não posso ter", antes de dizer a um chocado Dean que o ama. Cas então prontamente se jogou em outra dimensão em uma tentativa sacrificial de salvar a vida de Dean, mas eh, isso é Supernatural. Sabemos que a morte nunca é tão permanente - e ei, ainda restavam dois episódios.
Sobrenatural - Trailer Oficial
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